Quando pensamos em reciclagem, logo lembramos de plásticos, papéis, vidros e metais. Mas existe um “personagem” que costuma ficar de lado nessa história: o lixo orgânico. Ele representa cerca de metade de tudo o que descartamos no dia a dia, e merece tanta atenção quanto os recicláveis.
A destinação mais comum para esses resíduos é o aterro sanitário. Embora cumpra um papel importante ao evitar a proliferação de doenças e manter o espaço urbano organizado, esse modelo ainda traz impactos ambientais significativos. Em grandes acúmulos de lixo, qualquer falha estrutural pode gerar emissão de gases de efeito estufa e até chuva ácida, além do risco de vazamento de chorume para o solo e o lençol freático. Outro impacto invisível é o aprisionamento dos nutrientes presentes no lixo orgânico, que nunca retornam ao solo, o que aumenta a necessidade de extrair minerais para produzir fertilizantes.

A compostagem surge como uma alternativa regenerativa. Com ela, as sobras da cozinha se transformam em adubo fértil que pode voltar para vasos, hortas e jardins. Esse processo imita o ciclo natural da vida, devolvendo nutrientes para a terra e reduzindo impactos ambientais. De quebra, a compostagem incentiva a separação do lixo em casa, o que aumenta muito as taxas de reciclagem.
Enquanto o aterro sanitário concentra lixo, gera riscos e esconde o problema, a compostagem descentraliza, transforma e devolve vida ao solo. No aterro, nutrientes ficam presos. Na compostagem, eles retornam ao ciclo produtivo. No aterro, misturamos tudo por comodidade. Na compostagem, aprendemos que cada material tem um valor, seja ele econômico, ambiental e social.
Em resumo: o aterro trata resíduos; a compostagem cria soluções.


