Compostagem  |  02.12.2025

Compostagem é um fenômeno natural?

A compostagem costuma ser vista como algo totalmente natural, mas na prática o processo de transformação dos resíduos orgânicos em adubo não ocorre dessa forma na natureza. O que existe na natureza é a decomposição orgânica, mas ela acontece de forma lenta, dispersa e com condições ambientais muito diferentes das que caracterizam a compostagem.

Para entender essa diferença, precisamos olhar para o papel dos microrganismos.

Como ocorre a decomposição dos resíduos orgânicos?

Todo material orgânico passa por reações físicas, químicas e biológicas. Isso acontece porque uma grande variedade de microrganismos consome essa matéria para sobreviver, respirando, sintetizando novas células, crescendo e se reproduzindo, assim como os seres humanos.

Ambientes aeróbios e anaeróbios

Existem dois cenários principais:

  • Com oxigênio: predominam microrganismos aeróbios, que liberam CO₂.
  • Sem oxigênio: atuam microrganismos anaeróbios, que liberam CH₄ (metano).

Ambos são naturais, mas têm impactos diferentes e desempenhos muito distintos quando falamos de compostagem.

Por que a compostagem precisa ser aeróbia?

No contexto de gestão de resíduos, o processo aeróbico é o mais recomendado por dois motivos essenciais:

1. Eficiência técnica

Microrganismos aeróbios trabalham mais rápido, liberam calor e suportam temperaturas elevadas, favorecendo a fase termofílica (50–70 ºC). Isso garante:

  • maior velocidade de processamento,
  • eliminação de patógenos,
  • inativação de sementes,
  • produção de um composto mais estável e seguro.

2. Impacto ambiental

Enquanto a decomposição anaeróbia libera metano (CH₄), um gás 23 vezes mais impactante que o CO₂, o processo aeróbico emite principalmente dióxido de carbono (CO₂), tornando-se muito menos poluente.

A compostagem precisa de interferência humana

Para garantir que o processo se mantenha aeróbico, é necessário controlar alguns fatores-chave, como:

  • oxigenação (por revolvimento manual ou maquinário),
  • umidade (ideal entre 30% e 55%),
  • proporção entre materiais ricos em carbono e nitrogênio,
  • compactação.

Sem esse controle, o processo tende a ficar aneróbico, perdendo eficiência e aumentando impactos.

O que diz a legislação sobre compostagem?

Segundo a Resolução CONAMA 481/2017, compostagem é:

“Processo de decomposição biológica controlada dos resíduos orgânicos, efetuado por uma população diversificada de organismos, em condições aeróbias e termofílicas, resultando em material estabilizado, com propriedades e características completamente diferentes daqueles que lhe deram origem.”

Ou seja, compostagem é um processo químico e biológico, mas controlado. Não simplesmente espontâneo.

A compostagem acontece na natureza?

As condições ideais da compostagem (grande volume, alta umidade, oxigenação contínua e temperaturas entre 50 e 70 ºC) não acontecem naturalmente. Na natureza, os resíduos orgânicos sempre se espalham em pequenas quantidades: folhas, fezes, restos de animais mortos, galhos. Esse material nunca se acumula o suficiente para atingir a fase termofílica ou formar pilhas estáveis.

Por isso, dizemos que a decomposição é natural, mas a compostagem é um processo controlado pelo ser humano.

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